Há um ano que nos preparávamos para isto…. … E eles chegaram!
Um grupo francófono, precursor das Jornadas Mundiais da Juventude em Lisboa, constituído por 31 jovens, 2 representantes nacionais, 2 padres e 2 guias espirituais, provenientes de França, Bélgica, Líbano, Madagáscar e Ilhas Maurícias, enviados pelo movimento dos Cristãos Rurais reuniram-se em Idanha-a-Nova, onde passaram uma semana refletindo sobre a agricultura de amanhã, analisando os métodos agrícolas de ontem e de hoje e suas consequências…
Escolheram este tema de reflexão, em ligação com os textos da encíclica Laudato-si do Papa Francisco, para despertar as consciências a respeito da Criação e para encontrar soluções no cuidado a ter com a nossa "casa comum", a Terra, a qual nos dias de hoje é continuamente massacrada, poluída com um objetivo de exploração mercantil e lucratividade a todo custo.
Equacionar o Respeito pela Criação, a Fé, uma implicação profissional e o dia-a-dia … é um grande “desafio”!
Eles acamparam em tendas emprestadas pelos escuteiros de Idanha-a-Nova, numa propriedade local com vista sobre a Campina. De lá fizeram percursos no GR12, no GR08, no Caminho de Compostela entre Idanha-a-Nova e Idanha-a-Velha, descobrindo as diferentes culturas, as sementes vivas na Várzea, a produção de óleos essenciais em Segura, as escassas pastagens para vacas e ovelhas sob os sobreiros e oliveiras… Visitando várias quintas e empresas da nossa BioRegião de Idanha, questionando os produtores sobre o desenvolvimento dos projectos inovadores que aqui e ali foram nascendo na ruralidade… enquanto saboreavam as especialidades locais (entre as quais a descoberta da melancia do Ladoeiro, que foi tanto inesquécivel… que o grupo entitulou-se no whatsapp, sobre o apelido de "melancia" !!!).
O projeto “Idanha-a-Vida/Plantarfuturo” em Idanha-a-Velha, bem como as conferências “A agricultura biológica como solução essencial para a autonomia alimentar de amanhã, para todos“; e “Permacultura e plantações debaixo dos pomares, soluções para amanha” no Centro de Documentação Raiano em Idanha-a-Nova, desafiaram los particularmente sobre as consequências dos métodos actualmente utilizados :
- perda da fertilidade do solo, pelo estabelecimento de monoculturas e aplicação de adubos e outros tratamentos
químicos cada vez mais usados, criadores de desastro económico pelas quintas e ambiental pela terra, - lixiviação dos solos e eliminação das sebes, e por consequência, de grande parte da fauna e flora locais devido a um
emparcelamento muitas vezes irracional das terras,
Essas reflexões revelaram a necessidade de manter a biodiversidade das culturas e respeitar o meio ambiente em cada uma das ações realizadas ; cada aspecto estando inter-relacionado com os outros : a boa saúde da população vem da boa alimentação que por sua vez resulta de uma gestão agrícola respeituosa da terra, tanto é verdade que, para a saúde, o agricultor tem um papel ainda mais importante do que o médico… (de acordo com a famosa declaração do Dr. Pierre Delbet à Academia Francesa de Medicina).
Os animadores, membros da grande família inaciana, levaram o grupo a refletir sobre os objetivos realmente importantes para o ser humano como indivíduo e como sociedade… entre : “o lucro imediato e exclusivo de uma minoria” ou “o bem-estar coletivo” e a preservação do planeta para os nossos filhos ? Não deveriam questionar-se sobre a ação dos lobistas e a incoerência de certos líderes políticos que administram o nosso futuro a partir de relatórios mais ou menos distorcidos ?
Como conciliar partilha e rentabilidade, lucro e equidade ?
Como colocar a Fé e a busca da verdade no centro daquilo que dá vida ?
Uma tomada de consciência totalmente nova, um desafio totalmente único!
O Presidente da autarquia, Armindo Jacinto, fez-lhes um "panorama" da história do nosso concelho desde o nascimento de S. Dâmaso 1°, em Idanha-a-Velha (37.º papa, tradutor da Vulgata) até aos dias de hoje. Aproveitaram para descobrir a riqueza do parque Naturtejo e a sua soberba variedade de aves, a apreciar a piscina natural de Penha Garcia, o papel do adufe e das adufeiras na vida e folclore locais, a beleza dos nossos amanheceres e pores do sol…
Meditaram sobre a Criação e celebraram sob as oliveiras e figueiras, árvores simbólicas da Bíblia, que para eles, haviam permanecido, até então, míticas…
Partiram para Lisboa (abastecidos de melancias !) para partilharem as suas descobertas e continuarem a sua busca por um mundo melhor, tendo impresso neles a sentença de Carlyle : “Se criticas a época em que vives, se a achas ruim, antes de reclamar e criticar, pergunte-te a TI próprio, o que tens feito para a melhorar…“;
Alguns prometeram voltar e até participar na próxima colheita de azeitonas… Bem-vindos sejam !
Photos / Fotos de Francine Rodet et Jeanne Caillaud
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