As primeiras observações de ondas de calor na agricultura são as seguintes:
– Bordaduras das parcelas secas
– Ramos nus de árvores
– Folhas queimadas
– Solos rachados
A amplitude térmica entre o dia e a noite diminui, enquanto as temperaturas noturnas permanecem altas.
Neste período crítico, as culturas estão sujeitas a altas temperaturas e altíssima evaporação. A terra seca por muito tempo impede que as plantas sobrevivam.
As secas são de 2 tipos:
- A seca meteorológica
É aquela que ocorre quando não chove há muito tempo. O défice de água é medido em relação aos valores normais de precipitação.
No Inverno, a seca meteorológica pode passar despercebida porque a vegetação está em repouso. Porém, mesmo no Inverno, a seca não deixa de ter consequências, pois não permite a recarga dos lençóis freáticos.
A seca hídrica nos solos é um défice hídrico superficial (de 1 ou 2 cm de profundidade). Em contraste, no Verão, quando a vegetação está cativa e tira água do solo e a liberta na atmosfera por evapotranspiração, o solo seca mais rapidamente.
- Seca hidrológica
Falamos de seca hidrológica quando o lençol freático, lagos, ribeiros e rios estão baixos.
Ausência de precipitação ou ausência de infiltração da água escorre ao invés de ser absorvida pelo solo (solo impermeável, solo compactado, etc.) ou porque a água é captada pela vegetação antes de chegar ao subsolo.
A chuva só é eficaz se a água atingir os cursos d’água (por escorrimento) e as águas subterrâneas (por infiltração profunda após a saturação de água do solo superficial).
Somente no Inverno as chuvas conseguem recarregar os lençóis freáticos, pois nesse período a vegetação em repouso quase não absorve água. Em contrapartida, na Primavera e no Verão, a água da chuva é captada pelos sistemas vegetais e consumida de forma imediata, directa e por evapotranspiração, ou seja, incapaz de atingir o lençol freático.
Uma Primavera chuvosa não pode compensar um inverno seco, que pode ser muito prejudicial se o Verão seguinte for seco.
O fenómeno do aquecimento global acentua as secas, pois temperaturas muito altas causam maior evaporação da água no Verão.
Para evitar os efeitos prejudiciais da seca, é recomendado proteger as plantações com a barreira anti-evaporação mais eficaz possível do solo, sempre que possível.
UMA SOLUÇÃO POSITIVA: A AGROSSILVICULTURA
A agrossilvicultura é uma das soluções mais relevantes a adotar para lidar com as mudanças climáticas e melhorar a qualidade do solo para a segurança alimentar.
A agrossilvicultura é definida pela presença de árvores em campos de cultivo e pastagens, o que permite a optimização da gestão da água, restauração do solo e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
A agrossilvicultura tem a vantagem de armazenar mais carbono do que um sistema de cultivo convencional, limitando o stress térmico das culturas e proporcionando uma produção agrícola diversificada.
A agrossilvicultura bem conduzida, além de aumentar a biodiversidade, optimiza o uso da água, pois as raízes das árvores afundam muito mais do que as das plantas anuais.
O uso de lenha de podas (BRF – Bois Rameaux Fragmentés, em francês) no local melhora a fertilidade do solo e reduz muito o escorrimento e a erosão, a água infiltra- se rapidamente graças à presença de árvores, o que permite e promove uma boa estrutura dos solos.
Give a Reply
Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.